
No dia 24 de fevereiro de 1870, nasceu Luiz de França Pereira, na terra pernambucana do Recife. Poeta, desde menino, publicou, em 1889, o “Ritornelos Líricos”, e no ano seguinte, aos 20 anos de idade, “A Pátria Nova”, livro de crítica. Matriculado na Faculdade de Direito da sua tarra natal, conquistou, em 1895, a carta de bacharel, na mesma turma do vitoriense Demóstenes de Olinda, inspirado poeta do “Ortivos”, do paraibano Ulisses Costa, que seria, num período vermelho de convulsão política, o chefe de polícia de Pernambuco, e de Virgílio de Sá Pereira, que teria de honrar, com o andar do tempo, na magistratura do Distrito Federal, o nome da terra onde nasceu. Coube, a França Pereira, a honra de dizer adeus, em oração formosa, aos mestres e companheiros.
Diplomado, e cheio de esperanças, armou, na cidade do Cabo, a tenda de advogado, fixando-se, pouco tempo depois, no Recife, o grande cenário de suas brilhantes atividades, na imprensa e na cátedra.
Jornalista, cronista, e escritor de invejável cultura literária e cientifica, batalhou, França Pereira, no Correio de Pernambuco”, na companhia de Pereira Junior, de Minervino Soares, Celso Vieira e de Francisco Alexandrino, ocupando, mais tarde , a secretaria da Revista Contemporânea, ao lado de Teotônio Freire. “Grande Talento, escreve Clóvis Bevilaqua, servido por vastos estudos , artista do conto e do verso, cultor da filosofia”, teve França Pereira, atuação de relevo, em 1902, na Revista Pernambucana, fundada por Getúlio Amarale Francisco Solano. Nessa trincheira branca das boas letras, no mesmo e elevado plano de Artur Orlando, Carlos Porto Carreiro, Gervásio Fioravanti e de Rigueira Costa, realizou, França Pereira, modesto e culto, obra imperecível, Foi, nessa época, força poderosa no primado do espirito. No Diário de Pernambuco e na Província, desfraldou, também, a bandeira de lutas literárias.
Publicou, em 1916, uma Gramática Prática Elementar. Poliglota, exerceu o magistério, alcançando, num concurso célebre, na Escola Normal, a cadeira de francês. Entregou, às livrarias, em 1924, o Terra Patrum, o grande livro de versos, em cujas páginas palpita o amor à pátria e à natureza. O Terra Patrum pertence ao rol dos livros notáveis, na literatura de um povo. Quando, em 1901, se fundou a Academia Pernambucana de Letras, Carneiro Vilela foi busca-lo na sua humildade, e lhe deu uma cadeira. E ele ilustrou, e a honrou, e a enobreceu, sob a luz do espirito de Afonso Olindense, literato político e abolicionista.
Através das idades, enquanto existir a Academia, França Pereira, será sempre, o grande apóstolo que semeou, na província das letras, as sementes da Verdade e da Beleza.
Célio Meira – escritor e jornalista.
LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reúno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.
