Paradoxalmente, a pandemia do cononavírus retardou e acelerou processos nos mais variados campos no cotidiano do mundo moderno. Na macroeconomia, por exemplo, os números da produção industrial e a queda nos voos internacionais são afirmativas inequívocas do encolhimento econômico. Já no “mundo dos serviços”, por assim dizer, a recomendação do isolamento social desencadeou o aceleramento das tendências mercadológicas, entre outros, do ensino à distância e da telemedicina.
No nosso microuniverso – Vitória de Santo Antão –, que obviamente sofreu e ainda sofre com os efeitos da pandemia, observamos que alguns movimentos e comportamentos sociais foram modificados/acelerados e, pelo andar da carruagem, não voltará mais ao seu “estágio” antigo, se assim podemos dizer.
Em se tratando de morte/velório/sepultamento não imagino, por exemplo – quando nossa “aldeia” voltar à rotina – que famílias queiram mais velar seus entes queridos dentro de suas respectivas residências. Não acredito também ser razoável, na nossa cidade, na qualidade de população, sermos obrigados a conviver com cortejos fúnebres atravessando o nosso centro comercial em dias úteis.
Aliás, desde a formação do nosso lugar (povoação, freguesia, vila e depois cidade) que esse tipo de ritual cristão/social (enterro/sepultamento), ao longo do tempo, transformou-se naturalmente em virtude das mudanças dos costumes coletivos. Se antes as famílias enterravam “seus mortos” nas próprias casas, depois nos cemitérios localizados no entorno das igrejas, passando também por sepultamentos em espaços “clandestinos” na Zona Rural até, enfim, chegarmos, a partir de 09 de maio de 1875, ao nosso Cemitério São Sebastião, imagino que, doravante, o modelo de velar nossos irmãos antonenses seja mesmo em espaços reservados para tal, sobretudo nas proximidades do cemitério municipal. Não podemos esquecer também que nosso município já comportaria um cemitério particular, inclusive com crematório – isso é tendência mundial…
Para encerrar essas poucas linhas dedicadas ao “novo normal”, na forma de velar/sepultar os nossos entes queridos, na terra desbravada por Diogo de Braga, gostaria de revelar uma curiosidade: tal qual a cena da hipotética cidade de “Sucupira”, por ocasião da inauguração do cemitério pelo “singular” prefeito Odorico Paraguaçu, gostaria de dizer que na inauguração do nosso – São Sebastião –, que ocorreu numa tarde (16h) de domingo, a mesma (inauguração) contou com duas bandas de música e muita festa popular. Histórias da Vitória…
Boa Pilako!
Vitória precisa de mais dignidade para seus moradores. Inclusive depois da morte.