Efeito colateral das disputas politicas da última década, todos nós fomos, num só tempo, vitimas e cumplices de uma polarização intoxicante. O “retrato” do resultado que saiu das urnas na eleição presidencial mais recente nos fornece um claro atestado da divisão da sociedade.
O curioso desse momento em que vive o País é que a Câmara dos Deputados, ocupada por parlamentares eleitos com o sentimento do povo, reelegeu seu presidente, Arthur Lira, com 464 votos, ou seja a maior votação da história da referida Casa Legislativa.
Em Pernambuco, ainda na condição de candidatos, os atuais deputados e deputadas não baixaram a temperatura em momento algum. Polarizar era preciso para receberem os sufrágios dos seus respectivos campos políticos/ideológicos. Resumo da ópera: o atual presidente da ALEPE, Álvaro Porto, foi conduzido ao cargo com os votos da totalidade da Casa.
Em uma cena que mais parecia o quadro global do “vale a pena ver de novo”, ontem (16), na Assembleia Legislativa de Pernambuco, dos 49 votos possíveis 47 votaram juntos no mesmo candidato para ocupar uma vaga no Tribunal de Contas do Estado.
Sem querer colocar em dúvida as qualificações do novo conselheiro eleito, fico me questionando: num seria as casas legislativas uma espécie de pulmão da democracia? Como é que todos esses deputados com origem, pensamentos e atuações diferentes convergem na mesma direção para assuntos tão importantes? Parlamento num seria o lugar próprio para as divisões e os debates das ideias?
Como podemos observar – pelo menos para os eleitores mais atentos – esses atores políticos realmente conseguem se transformar no período das campanhas políticas em pessoas representativas, mas, ao chegar ao poder, parecem representar apenas e tão somente só os seus interesses e suas conveniências.
Concluo, dizendo: a política desestimula muitos, enriquece poucos e corrompe quase todos…..