Cenas registradas por câmera de monitoramento, dando conta do brutal crime ocorrido na noite do sábado em nossa cidade, mais precisamente em um restaurante, localizado no bairro da Bela Vista, circulou pelo Brasil inteiro. Ou seja: além das redes sociais, o referido fato também foi manchete nos mais diferentes noticiários televisivos, com programação nacional. Mídia gratuita da nossa cidade, mas com conteúdo macabro. Efeito imediato da nossa incômoda e vergonhosa colocação no mapa da violência urbana. No ranking nacional, somos a 27ª cidade. E no estado de Pernambuco subimos no pódio na 2ª colocação.
Cabe-nos uma pergunta: de quem é a culpa? Ou melhor: quem são os culpados?
Sabemos que não existe solução fácil para problema complexo. A violência urbana no Brasil tem raízes profundas, mas também passa pela ausência contínua de políticas públicas eficazes. Tudo isso personificado na falta de seriedade do nosso corpo político: nacional, estadual e municipal.
Jogando luz na história recente da minha cidade – Vitória de Santo Antão -,nas últimas 4 décadas, poderíamos dizer que o “bolo administrativo” local assim ficou dividido: 10% do tempo quem governou foi Ivo Queiroz. 30% o grupo vermelho e 60% o grupo amarelo.
No meu tempo de menino, adolescente, jovem e adulto, nas dinâmicas e agitadas campanhas políticas, era “moeda corrente”, em discursos inflamados pelos seus opositores, nas praças públicas, que “se um dia Aglailson fosse prefeito, Vitoria virava uma mar de sangue”.
Por uma infeliz coincidência, apenas para adorna historicamente a narrativa reinante da época, uma jovem foi assassinada em um dos comícios realizados pelo então deputado e postulante ao cargo de prefeito, José Aglailson, na vibrante campanha de 2000. Mas o destino e os votos dos antonenses, mesmo assim, lhes fizeram prefeito pela primeira vez da sua terra.
É bom que se diga, na qualidade de deputado, que quase todos esses atores administrativos locais e seus respectivos familiares também desfilaram pelos corredores do Palácio do Campo das Princesas e esquentaram os assentos na Assembleia Legislativas do estado, para quem recai, constitucionalmente, a obrigação pela segurança pública.
Ironicamente, hoje (2023), a cidade que é comandada pelo prefeito Paulo Roberto, um dos elos da engrenagem do grupo político amarelo e que historicamente mais tempo ficou no poder nesses últimos 40 anos e que também calibrou o discurso eleitoral do “mar de sengue”, caso o opositor ascendesse ao poder, agora, é obrigado a conviver com esse indigesto título que Vitória ostenta, isto é: 27ª cidade mais violenta do País e a 2ª do estado de Pernambuco!!!