Vida Passada… – Tito Rosas – por Célio Meira.

CÉLIO MEIRA

Nasceu, na pobreza, a 3 de janeiro de 1868, o menino Tito dos Passos, na cidade de Floresta, flor pernambucana do sertão requeimado,  debruçada à margem esquerda do rio Pajeú. E um dia, aos dezoito anos, o moço sertanejo dirigiu seus passos para o Recife, trazendo, no coração, a saudade do torrão nativo, e no espirito, cheio de idealismo,  o grande sonho de vencer, na jornada da vida. Desamparado dos ricos, desconhecido da sociedade recifense, e fazendo, da humildade christã, sua couraça, e dos sofrimentos, as armas abençoadas na refrega, começou Tito dos Passos de Almeida Rosas, conta o eminente Clovis Bevilaqua, sua batalha, dividindo o tempo entre os livros e os trabalhos penosos, que o iluminavam, e o elevavam, no conceito dos companheiros e dos mestres.

Concluiu os preparatórios no Ginásio Pernambucano, e matriculado na Faculdade de Direito, conquistou, em 1894, a carta de bacharel, e o prêmio de viagem à Europa. Pertenceu a turma de Bento Américo, o inimigo nº 1 dos verbos, e do Odilon Nestor, professor de renome, mais tarde, na mesma Escola, de Euzébio de Andrade, figura destacada na velha política de Alagoas, e de Turiano Campêlo, nobre figura de combatente, na imprensa do Recife.

Um ano depois de formado, alcançou, em concurso, uma cadeira naquela Faculdade, defendendo, ardorosamente, sua tese. E obteve, em 1904, a nomeação de professor catedrático e civil.

Advogado de cultura fulgurante, orador de linguagem polida, marchava, Tito Rosas, de vitória em vitória, quando o destino destruiu, malvadamente, numa tragédia, essa figura jovem de jurista e de filosofo.

Na manhã do domingo de carnaval, no ano de 1906, num minuto desgraçado de profunda agitação espiritual, Tito Rosas, aos trinta e oito anos de idade, cortou, com uma bala de revolver, o fio delicado da vida. Fugiu do mundo, o desventurado professor, e eminente causídico, pela porta tenebrosa do suicídio.

Floresta, a cidade sertaneja, não se deve esquecer do filho amado. Deve levantar, à sombra generosa dos tamarineiros, a herma do sertanejo eminente, ou dar, a uma rua, ou uma praça, o nome aureolado do mestre. Será essa a lição dos presentes às gerações do futuro.

Célio Meira – escritor

LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reuno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.

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