Menino de escola primária, em Goiás, preparatoriano, em Minas Gerais, conquistou, Alexandre José Barbosa Lima, nascido em Recife, em 1862, o diploma de engenheiro militar, Escola da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. Quando se extinguiu a monarquia, era, Barbosa, professor no Colégio Militar, em Fortaleza. Abolicionista, republicano de atitudes decisivas, desde os tempos de estudantes, ocupou, o ilustre pernambucano, no governo provisório do Ceará, em 89, a secretaria de justiça. E sentou-se na bancada cearense, na Constituinte de 90. Ingressando na política, combateu o governo de Deodoro, figurando entre aqueles que prepararam a ascensão de Floriano à presidência da República.
Deposto, a 18 de dezembro de 91, o barão de Contendas, governador de Pernambuco, e estabelecida a Junta Governativa, composta do general Ouriques Jacques, Ambrósio Machado e José Vicente Meira de Vasconcellos, escreveu, Martins Junior, uma carta a Floriano, contam Francolino Cameu e Artur Vieira Peixoto, “indicando três nomes para, dentre eles ser escolhido o que teria de ser eleito governador do Estado. O nome de Barbosa Lima, entretanto, ao que nos consta, escreveram aqueles historiadores, não figurava na lista. A essa carta, Floriano deu a seguinte resposta telegráfica:
“ O capitão José Barbosa Lima aceita e agradece”.
E a 20 de abril de 1892, Barbosa Lima, aos 30 anos de idade, iniciou, pela vontade do povo, a administração de sua terra natal. Governou-a, porém, com a tormenta. Cêdo, muito cêdo, se formou a oposição política. Ásperas, terríveis, a esse tempo, foram as lutas dos partidos. Os oposicionistas despunham da Câmara e do Senado, e depositavam suas esperanças nos batalhões do exército. Serra Martins, comandante do 14º batalhão, e mais tarde, o general Roberto Ferreira, representavam, entre os inimigos de Barbosa, as forças da vitória. O governo, porém, indomável, confiava no presidente da República. E venceu.
Barbosa Lima, em 92, suspendeu o orçamento do município do Recife. Levantaram-se os adversários, em escaramuças. Houve revolução em Goiana. Surgiu a figura rebelde de Ângelo Tavares. A Câmara processou o governador, e o senado o suspendeu, dando posse a Ambrósio Machado. Floriano manteve Barbosa no poder, prestigiando-o, até 7 de abril de 1896.
Houve, ainda, no governo Barbosa Lima, um fato doloroso. José Maria de Albuquerque Melo foi assassinado, numa secção eleitoral, a 4 de março de 1895. O sangue generoso do ardente político, no entender do povo, foi a nódoa escura, quase negra, do governo de Barbosa.
Orador notável, e culto, um dos maiores da República, representou, ainda, Barbosa, na Câmara dos Deputados, os estados de Pernambuco, do Rio Grande do Sul, e o Distrito Federal. Foi, também, senador pelo Amazonas. E morreu, aos 69 anos de idade, no dia 9 de janeiro de 1931. Barbosa Lima pertenceu à geração dos parlamentares famosos.
Pernambucano preclaro, trouxe, Barbosa Lima, para o governo de seu torrão nativo, um largo programa de trabalho. Não pode executa-lo, como o traçara, mas, assim mesmo, realizou grandes obras, que ainda resistem à ação do tempo e ao esquecimento dos homens.
Célio Meira – escritor e jornalista.
LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reuno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.