Por iniciativa espontânea, por assim dizer, sem qualquer marcação prévia ou ensaio os brincantes improvisaram uma quadrilha junina. Sem a menor preocupação com a performance individual ou coletiva, eles apenas deram vasão à essência, através do maior patrimônio de um povo, ou seja: sua cultura.
O fato mencionado no parágrafo anterior, concretamente, ocorreu no último sábado (18), no do Clube Abanadores “O Leão” – Vitória de Santo Antão -, por ocasião da 43ª edição do Forró do Coelho. Isso é a essência, concretamente praticada. Certamente todos eles (dançantes), quando crianças, de alguma forma, absorveram, incorporaram e se apropriaram do maior ativo festivo do Brasil, isto é: o São João do Nordeste.
No transcorrer das últimas três décadas, em marcha lenta e contínua, um conjunto de pessoas “sabidas” estão delapidando, desfigurando e ferindo de morte a maior festa popular do Brasil. E o que é pior: ação perpetrada sob a égide do dinheiro público.
Gestores nas três esferas do poder – federal, estadual e municipal – se uniram para desfigurar o São João do Nordeste. Possivelmente estão levando muita vantagem nessa “balada”.
Na qualidade de matuto nordestino não consigo imaginar como pode, numa noite de São João, um DJ subir ao palco para se apresentar na cidade que conseguiu imprimir uma marca invejável – O Maior São João do Mundo. É algo inimaginável!!!
No período junino, na atualidade, a moda é vestir-se de preto e se possível brilhoso, para celebrar as duplas que se apresentam como sertanejas e dançar ao ritmo da ocasião, que estiver “estourado” no sudeste maravilha. É triste, termos que constatar que o São João do Nordeste virou um festival de vantagens para os senhores gestores públicos, que acabam “surfando” no varejo, no atacado e nos negócios que são realizados por trás dos palcos.
Os jovens de agora, coitados! Não tiveram e, ao que parece, não terão a oportunidade de conviver com as músicas juninas que revelam o contexto da maior expressão do povo nordestino. Suas histórias – crenças, vitórias, derrotas, ensinamentos e etc…
Portanto, não se enganem: a marcha é continua, viva, e cada dia mais forte para transformar o nosso São João do Nordeste em um festival musical, ao qual, no nosso próprio chão, deveremos ser apenas consumidores irracionais da chamada cultura tutti-frutti.
E o que é pior: pago com o dinheiro que deveria ser usado justamente para promover a nossa cultura e o nosso patrimônio musical, diga-se: os artistas genuínos. Viva o São João do Nordeste!
Oportuno, objetivo e racional. Parabéns ao (a) autor (a).