Manoel Alves Pessoa Neto era promotor de Justiça em Pau dos Ferros/RN, município do alto oeste potiguar, distante 389km de Natal.
De postura independente, exercia as suas funções com correção e esmero.
Um trágico fim, porém, encerrou a sua missão, com uma grave e inusual particularidade: tudo aconteceu a partir da porta ao lado de seu gabinete.
Ao seu lado, trabalhava o juiz Francisco Pereira de Lacerda.
Francisco era investigado por irregularidades na condução do fórum de Pau dos Ferros e Manoel seria testemunha de acusação, contra o magistrado, após denúncia realizada por advogado local.
Em 08 de novembro de 1997, o pistoleiro Edmilson Pessoa Fontes adentrou armado às dependências do fórum.
Primeiro, atingiu o vigilante Orlando Alves Mari, que morreu na hora.
Na sequência, foi até a sala do promotor e atirou contra este várias vezes.
O representante ministerial foi alvejado enquanto estava em seu gabinete, trabalhando, em um dia de sábado.
Mesmo baleado, Manoel deixou o local em seu carro, conseguindo dirigir até a pousada onde estava hospedado para pedir socorro.
Infelizmente, não resistiu e morreu.
O pistoleiro foi réu confesso do crime, admitindo ter matado o promotor a mando do juiz da cidade.
O juiz Francisco Lacerda jurou inocência até o fim, mas foi condenado a 35 anos de prisão no dia 16 de agosto de 1999.
O ex-soldado da PM Wilson Pereira, cunhado do juiz Lacerda, também foi condenado, como outro mandante do crime, a 31 anos e 06 meses de prisão, em 2021.
Este triste fato é considerado a maior tragédia da história do MPRN.
Como reflexos de sua ocorrência, em 2003, foi criado o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e, em 2010, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do MPRN.
Na sede da instituição, há um memorial em homenagem a Manoel Alves, inaugurado em dezembro de 2012.
Manoel é mais um caso de alguém que tomba em serviço nesse país por simplesmente cumprir o seu dever.
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