No ano anterior, o Vasco da Gama havia sagrado-se campeão brasileiro com um time recheado de craques: Bebeto, Bismarck, Mazinho, Sorato, Zé do Carmo etc.
O elenco era tão bom que chegou a ser chamado de “SeleVasco”.
Com muita força, o Cruzmaltino partiu para a Libertadores, chegando às quartas de final.
Havia, porém, um detalhe: o clube carioca teria pela frente o Nacional de Medellín, time do folclórico goleiro Higuita, em um confronto marcado por muitos desafios, dentre eles, o medo.
Isso porque a cidade colombiana de Medellín era dominada pelo narcotráfico, sob o comando de Pablo Escobar (foto).
Naqueles anos sombrios, a Colômbia vivia a violência das drogas e do conflito entre traficantes, guerrilhas, exército e paramilitares, com reflexos no futebol.
Em 1989, por exemplo, o árbitro Álvaro Ortega foi assassinado por integrantes do Cartel de Medellín.
Esse evento macabro teve como consequência a suspensão do Campeonato Colombiano.
Pois bem.
Até hoje, não se sabe ao certo o que aconteceu com o árbitro da partida entre Vasco e Nacional de Medellín, o uruguaio Juan Daniel Cardelino, em 29 de agosto de 1990.
Segundo o assistente Otello Roberto, houve uma tentativa de suborno por parte de três homens, enquanto o trio de arbitragem tomava café da manhã.
Outra versão, porém, aponta que o juiz foi efetivamente vítima de coação, tendo sido ameaçado com um revólver na cabeça por pistoleiros ligados ao cartel local.
O jogo terminou 2 x 0 para o Nacional, mas Eurico Miranda, dirigente vascaíno, conseguiu a anulação da partida, tamanha era a sensação de medo.
Uma observação: Medellín, que já foi um dos piores lugares do planeta para se viver, hoje, é vitrine para o mundo.
A cidade foi completamente transformada pelo modelo de urbanismo pautado na injeção de cidadania e na cultura da paz.
O Recife tornou-se uma cidade conectada a Medellín, por meio da Rede Compaz, uma forte ferramenta de inclusão, que tem na pessoa do urbanista social @murilo.compaz o seu principal articulador.
Dedico este retalho de hoje ao nosso querido Zé do Carmo, ex-atleta e capitão do time do Vasco naquela quadra da história.
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