Esta é Clarice Herzog – por @historia_em_retalhos.

Ela é a Clarice que chora no verso do clássico “O Bêbado e a Equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc.

No trecho, os compositores citam as viúvas Maria, mulher do operário Manuel Fiel, e Clarice, esposa do jornalista Vladimir Herzog, brasileiros assassinados nos porões do DOI-CODI (órgão de inteligência e repressão do governo militar, subordinado ao Exército).

Em 25 de outubro de 1975, há 48 anos, Vladimir Herzog era torturado e morto pela ditadura militar brasileira, tornando-se um triste símbolo das atrocidades cometidas naquele período da história do Brasil.

Herzog era diretor de jornalismo da TV Cultura, tendo se apresentado voluntariamente para prestar depoimento no DOI-CODI.

No dia seguinte, foi encontrado morto em uma cela, tendo os seus algozes afirmado que ele teria retirado a própria vida.

Na época, era comum que o governo militar divulgasse que as vítimas de suas torturas e assassinatos haviam perecido por “suicídio”, fuga ou atropelamento.

Conforme o laudo expedido pela polícia, Herzog enforcara-se com uma tira de pano, a “cinta do macacão que o preso usava”, amarrada a uma grade a 1,63 metro de altura.

Ocorre que o macacão dos prisioneiros do DOI-CODI não tinha cinto, o qual era retirado, juntamente com os cordões dos sapatos, conforme a praxe daquele órgão.

No laudo, foram anexadas fotos que mostravam os pés do prisioneiro tocando o chão, com os joelhos fletidos, posição em que o enforcamento seria impossível.

Foi também constatada a existência de duas marcas no pescoço, típicas de estrangulamento.

Depois do AI-5, o ato inter-religioso pela morte de Herzog foi a primeira grande manifestação de protesto contra a ditadura militar, reunindo milhares de pessoas na Catedral da Sé, em SP.

Em 2012, o seu registro de óbito foi retificado, passando a constar que a “morte decorreu de lesões e maus-tratos sofridos em dependência do II Exército – SP”.

A Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Brasil por negligência na investigação do assassinato do jornalista.

Para muitos, a morte de Vladimir Herzog inaugurou o início do fim da ditadura no Brasil.

Ditadura NUNCA mais.
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