Nas proximidades das comemorações dos 200 anos de fundação do Diário de Pernambuco (2025), relembro o ciclo de palestras quinzenais promovidas pelo DP, há exatos trinta anos (1994-1997) da sua criação. A iniciativa teve o seu começo no auditório do Jornal, no prédio secular da Praça da Independência. (Fui autor do pedido de tombamento desse prédio, como patrimônio histórico de Pernambuco, no Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Histórico de Pernambuco, na condição de conselheiro titular). Com a ampliação de novas inscrições vindas da capital e do Interior, foram ocupados espaços do Gabinete Português de Leitura, Clube Português do Recife, Conservatório Pernambucano de Música, Museu de Arte Contemporânea/Mac/Olinda. O conjunto de palestras temáticas foi um trabalho construído com clareza, motivado para ser instrumento de informação aos não iniciados nas diversas vertentes da Literatura não só brasileira, na poesia de todas as épocas, no conhecimento e saber filosófico, na música (do barroco ao contemporâneo), no teatro, no canto operístico, no cinema, além de um resumo inteligente e didático dos estilos de arquitetura que marcaram cada época. O projeto do DP, sob a minha coordenação, esteve ligado ao incentivo à leitura, às emoções que provocam e seu significado, às diversas camadas de informação que fazem parte de uma obra de arte, uma música, uma fotografia, uma pintura, um livro, e dar sentido e importância a tudo isso.
Para que se tenha uma ideia da exigência do melhor, não havendo no Recife especialista na área de Literatura Africana, o DP (gestão de Luiz Otavio Cavalcanti) trouxe a professora Maria M. B. Vasconcelos, especialista em Estudos Africanos – Literaturas dos Países de Língua Portuguesa, da Universidade Nova de Lisboa, para uma palestra que durou apenas uma tarde no auditório do Clube Português do Recife (mais de 300 cadeiras ocupadas). Do seu currículo: projetos acadêmicos e de investigação avançada em Portugal e na África Lusófona, além de consultora de Organizações Nacionais e Internacionais para Assuntos Africanos. Também de Portugal, tivemos a famosa escritora Agustina Bessa-Luís, numa memorável presença, como palestrante.
Havia preocupação de reunir um quadro de palestrantes de notórios saberes em cada área: César Leal, João Câmara, Evaldo Coutinho, José Rodrigues de Paiva, Lourival Holanda, Cláudio Aguiar, Luzilá Gonsalves Ferreira, Gilvan Lemos, Lucila Nogueira. Alfredo Antunes, Irandé Antunes, José Luiz Mota Menezes, Ormindo Pires Filho, Lanfranco Marcelletti Jr, Tereza Tenório, Potiguar Matos, Avanilda Torres, Zuleide Duarte, Marcos Albuquerque, Fernando Pio, Leonardo Dantas, Sara Erlich, Paulo Cavalcanti, Fernando Spencer. Tânia Kaufman, Zenaide Barbosa, Célia Labanca.
Não ficaria nisso: o projeto (sem nenhuma finalidade lucrativa, sem nada cobrar dos participantes) foi levado para cidades do Interior do Estado, a destacar na Faculdade de Letras de Nazaré da Mata, ao inaugurar a sua quadra esportiva, mais de 800 lugares, com a iniciativa do DP. O apoio dos dirigentes do DP: Gladstone Vieira Belo e Joezil Barros, do professor Mozart Neves (na época, reitor da UFPE) e do vice-reitor, Geraldo Pereira, assim como do professor Roberto Pereira, foi de extrema importância em todas as etapas.
Marcus Prado – jornalista