Vida Passada… – Mariana Amália – por Célio Meira

Desencadeada a guerra do Paraguai, Mariana Amália do Rêgo Barreto, nascida na cidade da Vitória, Estado de Pernambuco, abraçou-se, em setembro de 1865, no amor da pátria, e , na alegria esvoaçante dos 19 anos, apresentou-se ao governo da sua província, pedindo licença para alistar-se nas fileiras dos voluntários. Administrava Pernambuco o sr. João Lustosa da Cunha Paranaguá, piauiense ilustre, e que servia à Coroa, nos ministérios de Zacarias, em 1866, de Sinimbú, em 78, e de Saraiva, e 85, organizando, em 82, o gabinete de 3 de julho. Aceitou, o presidente, o oferecimento da patriota vitoriense, autorizando-a, escreve o desembargador Henrique Capitolino no Pernambucanas Ilustres, usar uniforme e insígnia militar.

Vestindo, vaidosamente, “um saiote amarelo, bordado de verde”,  e ostentando “no braço, a estrela de 1º cadete”, voltou à terra natal, e emocionada, falou ao povo, concitando-o a servir à pátria e ao Imperador. Disse, numa passagem de sua oração cívica:  – “Sim, Vitorienses! Mariana é, hoje, um soldado da Pátria!” E o povo, ouvindo, fremente, é Anita Garibaldi de Pernambuco, organizou o voluntariado , que, em outubro daquele ano de 65, marchou para o Recife, incorporando-se aos bravos do 5º Batalhão.

À frente desse voluntariado, veio Mariana Amália, garbosa, exuberante de mocidade e de beleza. E duas mil pessoas, no Recife, conta o Diário de Pernambuco de 11 de outubro de 1865, receberam os intimoratos filhos da Vitória. Marchava, ao lado de Mariana, o coronel Tiburtino Pinto de Almeida, velha e prestigiosa figura da sociedade vitoriense, na primeira metade do século XIX.

Recebeu, Mariana Amália, festas retumbantes. Voaram, pelas ruas da cidade, retratos da heroína. E o teatro Santa Isabel abriu suas portas para um espetáculo de gala. Altaneira e sorridente, apresentou-se,  ao público, da tribuna do presidente da Província, a formosa pernambucana, que no dia 17 de janeiro de 1846, no dia de Santo Antão, viu luz do sol, na mesma terra histórica, onde se iniciou a Restauração Pernambucana, no Monte das Tabocas, e onde explodiu, em madrugada de novembro de 1710, a guerra dos Mascates.

Não aceitou,  o governo central, o sacrifício da linda vitoriense, mas seu exemplo fortaleceu, na alma de seus conterrâneos, o amor sagrado à terra brasileira.

Mariana Amália era nobre. Pertenceu à família de Conde da Bôa Vista.

É, seu nome, na gleba vitoriense, relíquia da Pátria.

Célio Meira – escritor e jornalista. 

LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reuno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.

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