Bernardino de Campos, uma das figuras de prôa do movimento republicano, na terra paulista, e um dos vultos preclaros na administração do poderoso Estado bandeirantes, nasceu em Porto Alegre, a sudeste de Minas Gerais, no vale do Sapucai. Deixando, na meninice, a terra natal, fixou-se em Campinas, cidade de São Paulo, onde nasceu Carlos Gomes, o gênio da música brasileira, conquistando, aos 22 anos de idade, na Faculdade de Direito desse Estado, a carta de bacharel.
Diplomado, iniciou-se nas lutas da advocacia e nas agitações policiais. Elegeu-se deputado provincial, conta um biógrafo, em 1878, alistando-se nas fileiras dos combatentes que sitiavam e destruíam o governo da Casa de Bragança.
Proclamada a República, foi, Bernardino de Campos, narra um historiador, o 1º chefe de polícia do Estado de São Paulo. Figurou, ao lado de Francisco Glicério, Adolfo Gordo, Sousa Mursa, Alfredo Elis e Rodrigues Alves, na Constituição 1890, e , um ano depois, na presidência da Câmara Federal, ao tempo da “legalidade” florianista, ajudou, na companhia de Campos Sales, de Glicério e de Prudente de Morais, a depor Américo Brasiliense, da presidência do governo paulista.
Morais se afastou, por doença, da presidência da República, o vice-presidente, Manoel Vitorino Pereira, entregou, a Bernardino, a pasta da fazenda. Reassumindo o poder, Prudente, prudentemente, o manteve no ministério. Em 1902, voltou Bernardino a presidir os destinos de São Paulo.
Jornalista, batalhou no Diário Popular, o baluarte de José Maria Lisbôa, “português de origem e paulista de caráter”, no conceito de Aureliano Leite, e por onde passaram, entre outros, cheio de talento e de coragem, Brasílio Machado. Aristides Lobo, Teófilo Ottoni, Quirino dos Santos, Martin Francisco, Urbano Duarte e Rangel Pestana.
A palavra de Bernardino, foi, durante trinta anos, no seio do partido republicano paulista, a palavra da reflexão e sabedoria. Ouviram-na, e acataram-na, os moços que estiveram na liça, e os velhos que repousavam, nas linhas da retaguarda. Bernardino de Campos passou, pela terra, amado respeitado. Era nobre pelo caráter, e generoso pelo coração.
Morreu aos 74 anos de idade, no dia 18 de janeiro de 1915.Perderam, nesse dia, os dois grandes Estados. Minas e São Paulo, um general do exército branco das democracias. E “seu nome, escreve um biógrafo, citado pelo ilustrado historiador do “Galeria Nacional”, há de sobreviver , na historia, como um dos patriarcas da República.
Célio Meira – escritor e jornalista.
LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reuno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.