O Tempo Voa – inauguração no Instituto Histórico.

O JORNALISTA vitoriense Marcus Prado, ao pronunciar discurso na cerimônia de inauguração de novas instalações do INSTITUTO HISTÓRICO DE VITÓRIA, a convite do Presidente José Aragão, que se encontra ladeado do prefeito Ivo Queiroz, dona Maria Aragão, secretários de estado, historiadores, dirigentes do Instituto Arqueológico Pernambucano (entre os quais, o professor e escritor Amaro Quintas).Outubro de 1970.

Vida Passada… – Pinto Junior – por Célio Meira

Na paróquia recifense do Pôço da Panela, onde veiu, ao mundo, naquela casa de 7 janelas, o lírico Maciel Monteiro, e onde morou, dilatados anos, o democrata José Mariano, João José Pinto Junior, a 2 de fevereiro de 1832, no dia de Nossa Senhora da Saúde. Em junho desse ano, frei José Damásio, abade da Igreja de São Bento, o fez cristão, à pia batismal da igreja de São Sebastião, na terra olindense. E aos 18 anos, matriculou-se, o jovem Pinto Junior, na Faculdade de Direito de Olinda, recebendo, no Recife, em 1855, a carta de bacharel, pertencente à turma de Salustiano Orlando de Araújo Costa, o grande Orlando, do Código Comercial. Diplomado, abriu banca de advogado, e defendeu tese, ao lado de Liberato Barroso, ilustrado cearense, nascido no Aracati.

Exerceu o cargo de juiz municipal, na comarca do Recife. Inscreveu-se, em 1858, conta um “admirador”, em excelente biografia, num concurso, na Faculdade de Direito. Foram companheiro de Pinto Junior, nessa formosa batalha de inteligência e cultura, João Capistrano  e Aprígio Guimarães. Pinto Junior alcançou o 1º lugar, e Capistrano o 2º, que obteve a nomeação. No ano seguinte, voltou Pinto Junior, ao lado de Aprígio e de Pinto Pessoa, a pleitear a cadeira, na velha escola. Coube-lhe, ainda, a vitória, no primeiro plano. Não viu realizado, dessa vez, o sonho alcandorado. E entrou no 3º concurso. E com a mesma classificação, foi nomeado lente substituto, a 20 de agosto de 1859. Tinha 27 anos. Era o triunfo.

Em 1870, deu-lhe, o governo, a cadeira de professor catedrático de Direito Romano. E em 1855, agraciou-o, a Corôa, com o título de conselheiro. Jornalista, colaborou, em 1857, na “Regeneração”, à tribuna desassombrada de Jerônimo Vilela de Castro Tavares e, em 64, no  “Liberal”, a trincheira de Cunha Teixeira, servindo,  patrioticamente, às ideias dos liberais “históricos”. Fundou, e dirigiu a “Revista de Instrução Pública de Pernambuco”. E entre os nobres fundadores da “Sociedade Propagadora de Instrução Pública”, foi, Pinto Junior, a alma e o cérebro.

Escreveu, Pinto Junior, o “Curso Elementar de Direito Romano”, livro precioso, àquele tempo, e recomendado aos estudantes de São Paulo, por Américo Brasiliense, grande romanista. Dirigiu, duas vezes, interinamente, a Faculdade de Direito. Jubilou-se, em 1891, e morreu, dois anos depois, aos 61 anos de idade.

Professor de Direito, idolatrado pela mocidade acadêmica, homem de coração, no dizer de Clóvis Bevilaqua, paladino da instrução pública, defensor das tradições históricas do torrão nativo, pertence, Pinto Junior, à galeria dos pernambucanos preclaros. Seu nome, graças a Deus, tem resistido à ação destruidora do tempo. Está gravado na fachada de uma Escola, no Recife. E,  a mocidade de saia amarela e de blusa branca, na Escola Normal Pinto Junior, tem, na sua jornada, um destino histórico – o de glorificar a memória do Mestre.

Célio Meira – escritor e jornalista. 

LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reúno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.

A FELICIDADE – por Sosígenes Bittencourt.


A felicidade não é um grande evento que irá acontecer um dia. A felicidade é feita de momentos felizes. Portanto, a felicidade pode ser a qualquer momento, em qualquer lugar.

É ilusório pensar que trabalhamos a semana inteira para sermos felizes no domingo. A felicidade é uma alegria, uma emoção, um entusiasmo, logo, você não poderá ser feliz, a todo instante, senão você não perceberia a felicidade. Só existe felicidade porque existe ausência de felicidade, é a ausência que destaca sua presença.
Feliz Dia! Um abraço!

Sosígenes Bittencourt

André de Bau: todos na torcida pela mais rápida recuperação…….

É com apreensão e esperança que familiares, amigos, eleitores, correligionários e o “mundo político” local acompanham o estado de saúde do vereador e atual presidente da Câmara, André Saulo, popularmente conhecido por André de Bau.

Articulado e bem quisto por atores políticos das mais variadas linhas ideológicas,  André, após AVC, segue internado em UTI,  sob os cuidados rigorosos das equipes médicas, na cidade do Recife.

Todas orações seguem no sentido da sua mais rápida recuperação……

Poesia de Deborah Brennand inspira exposição de arte – por Marcus Prado.


É notório que a curadoria no contexto das artes visuais consiste de uma cadeia de complexas etapas, desde a concepção até a finalização: a multiplicidade de linguagens, a inserção da obra no espaço, a relação entre obra e espectador. Não há diferença de rigores, competência, escolhas, diálogo entre artistas e mediação cultural com o público, bom gosto da primeira à última etapa.

Uma das etapas primordiais, além de uma qualificada e bem produzida curadoria, é o Catálogo de apresentação, não só pela excelência gráfico-visual, mas pela qualidade do texto, que determina, entre as demais etapas, o sucesso de uma amostra. Dou como exemplo o Catálogo da monumental exposição “O Tesouro dos Reis. Obras-primas do Terra Sancta Museum”, da Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa, 2023). Elogiado por sua primorosa edição de texto e qualidade gráfica de altíssimo nível, o catálogo mostra como foi o esforço da diplomacia internacional para a produção da rica amostra. O projeto, que durou cinco anos para a sua inauguração na Fundação lisboeta, destaca obras artísticas de ourivesaria, têxteis e mobiliário reunidos durante séculos para o culto e ornamentação da Basílica do Santo Sepulcro e de outras igrejas supervisionadas pela Custódia da Terra Santa, localizada na Cidade Velha de Jerusalém. As peças são únicas no mundo.

Neste final de 2024, como é tradição todo ano no Espaço Brennand (Avenida Domingos Ferreira, 274) numa iniciativa de Neném e Maria Helena Brennand, filhas de Francisco, vemos mais uma exposição de sua Galeria, composta de obras do patrono e de artistas do acervo: João Câmara, Roberto Ploeg, Reynaldo Fonseca, Zè Cláudio, Antônio Mendes, Álvaro Caldas, Lula Cardoso Ayres, Siron Franco, Marlene Almeida (Galeria Marco Zero), Clara Moreira (Galeria Amparo 60), Monica Piloni (Galeria Número). “Sem baixar a vista”, poema antológico de Deborah Brennand, é o tema do Espaço Brennand 2024

O texto de abertura é de autoria da professora doutora Virginia Leal (UFPE). Ela escolheu como epígrafe as palavras de Georges Didi-Huberman, filósofo, historiador da arte, professor da École de Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris, também com experiência de curadoria (Centro de Arte Contemporânea do Museu da Universidade Nacional Três de Fevereiro – Muntref). A infinidade de possibilidades que o artista contemporâneo traz dentro de si, acha-se resumida nas palavras da mestra, doutora em Semiótica e Linguística pela USP/Université Paris X, Virginia Leal, ao opinar sobre as peças em exibição que vai fechar com chave de ouro o calendário artístico de 2024 nesta capital

Ao longo das suas edições o Espaço Brennand tem se consolidado no cenário artístico do Recife. Um espaço de “partilha do sensível” (pastage du sensible), como vejo no filósofo e exegeta da obra literária, Jacques Ranciére.

Marcus Prado – jornalista

A história de Alcides do Nascimento – por @historia_em_retalhos.

A história de Alcides do Nascimento: o jovem negro e periférico que se tornou um símbolo para vestibulandos pobres.

Filho da ex-catadora de lixo Maria Luiza do Nascimento, o jovem Alcides conseguiu ser aprovado em primeiro lugar da rede pública no vestibular da UFPE para o curso de biomedicina (2007).

A Rede Globo captou ao vivo o momento em que mãe e filho comemoravam emocionados a divulgação da lista dos aprovados (foto).

Foi uma linda cena de superação pessoal, protagonizada por dois atores que costumam ocupar espaços secundários e subalternos em um país marcado pelo passado perverso da escravidão.

A luta incansável da ex-catadora para educar o seu filho chegou a ser matéria do Fantástico.

Maria Luiza puxava a sua carroça para garantir a alimentação de Alcides, que almoçava a quentinha levada pela mãe encostado na parede de uma biblioteca do Recife.

Porém, esta história de vitória diante das adversidades terminou com um final terrível.

O triunfo heróico de Alcides e de sua genitora foi violenta e covardemente interrompido.

Em 5 de fevereiro de 2010, o criminoso João Guilherme Nunes, detento fugitivo da Penitenciária de Itamaracá, procurava por um vizinho de Alcides, na comunidade onde moravam, a Vila Santa Luzia, no bairro da Torre.

Não localizou o vizinho e indagou a Alcides por seu paradeiro.

Alcides não soube informar.

Nas palavras do próprio João, “para não perder a viagem”, matou Alcides com dois tiros na cabeça, em frente à casa onde residia.

João foi condenado a 25 anos de prisão.

A mãe de Alcides processou o Estado de Pernambuco, invocando a omissão do ente público no seu dever de garantir a segurança.

Após 7 (sete) anos, o TJPE negou o pedido de indenização de Maria Luiza.

Alcides foi morto aos 22 anos e estava prestes a se tornar um biomédico.

Particularmente, foi uma das histórias de superação e dor mais trágicas que já vi na vida.

Alcides do Nascimento dá nome à Escola Técnica Estadual de Camaragibe/PE e à biblioteca do Campus IFPE do Cabo de Santo Agostinho/PE.
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Um cordel para chamar de meu – presente de “Seu” Zito da Galileia.

Muito conhecida no Nordeste brasileiro a literatura de cordel é uma arte da cultura popular da nossa gente. Seu conteúdo, como se diz, tem de tudo um pouco e agrada aos “gregos e troianos”.

Toda vez que o senhor Zito da Galileia, membro efetivo da Academia Vitoriense de Letras, Arte e Ciência, se apresenta com um dos seus (cordel),  eu sempre falo: se eu soubesse fazer cordel eu seria muito amostrado….– acho espetacular…..

Pois bem, fruto da sua generosidade e admiração por minha pessoa, por ocasião da solenidade em que fui condecorado com o Título de Cidadão Vitoriense (Antonense), ocorrida na Câmara de Vereadores da Vitória, no último dia 08 de novembro, ele (Zito) subiu à tribuna para homenagear-me com alguns versos. Depois, em particular, me disse: “quando soube, estava muito em cima, mas vou fazer um cordel completo para você”.

Pois bem, na última terça-feira (19), no evento em que o nosso Instituto Histórico comemorou mais um aniversário de fundação (74 anos), o mesmo me presenteou com cordel. Ou seja: com um cordel inteiro dedicado a mim.

Evidentemente que agradeci pelo presente e pela honraria. Em breve, estarei postando aqui no blog o seu conteúdo. Obrigado “Seu” Zito da Galileia…….

 

 

a Missa dos Quilombos – por @historia_em_retalhos.

22 de novembro de 1981.

Naquele dia, a chamada ala progressista da Igreja Católica promovia no Pátio do Carmo, centro do Recife, um pedido de desculpas em celebração ao povo preto, na chamada Missa dos Quilombos.

Evento de suma importância histórica, mas às vezes esquecido, a Missa dos Quilombos lançou uma luz sobre as raízes do racismo e sobre a resistência do povo negro.

A celebração foi presidida por um dos poucos bispos negros do Brasil, naquele momento, o mineiro Dom José Maria Pires, arcebispo da Paraíba (“Dom Pelé”).

Ao seu lado, o anfitrião Dom Hélder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife, que propôs o desafio de realização do ato.

No comando musical, uma das mais elevadas expressões do talento, sensibilidade e criatividade da música brasileira: Milton Nascimento.

Milton estava ao lado de Dom Pedro Casaldáliga e do poeta Pedro Tierra. A escritora Inaldete Pinheiro integrava os grupos de dança de matriz africana.

Em um ambiente ainda opressivo de uma ditadura militar já em declínio e pelas mãos de uma instituição ainda muito conservadora (a Igreja Católica), Dom José Maria Pires afirmou com muita coragem que a igreja historicamente “frequentou mais a Casa Grande do que a Senzala”.

“A igreja não estava com os negros e hoje parece que começa a estar. Começa a nos querer bem, a respeitar a nossa cultura e não tratá-la mais como grosseira superstição”, afirmou.

Do Vaticano, viera a odem de interdição ditada pela Congregação da Doutrina da Fé, dirigida pelo cardeal Joseph Ratzinger, proibindo sumariamente a missa como uma celebração da eucaristia.

No Recife, os jornais estampavam: “Missa Negra, coisa de satanás, profanação do culto sagrado promovida por Hélder Câmara, o bispo dos comunistas”.

Mas chegaram tarde.

Cerca de 8 mil pessoas lotaram o Pátio do Carmo.

“Claro que dirão, Mariama, que é política, que é subversão, que é comunismo. É Evangelho de Cristo, Mariama”, exaltou Dom Helder Câmara.

Apesar de desconhecida da maioria, a Missa dos Quilombos contribuiu decisivamente para consolidar o 20 de Novembro como o Dia Nacional da Consciência Negra, instituído pelo Movimento Negro Unificado, em 1978.
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Solenidade de aniversário dos 74 anos de fundação do Instituto Histórico da Vitória.

Na noite da terça-feira (19), véspera do feriado, o Instituto Histórico e Geográfico da Vitória promoveu Sessão Solene para comemorar os seus 74 anos de fundação. O evento ocorreu no Teatro Silogeu José Aragão.  A recepção aos convidados ocorreu nas dependências da “Casa do Imperador”.

Na programação, além de uma explanação e uma sequência de fotografias expostas no telão, o presidente da entidade, professor Pedro Ferrer, falou sobre o dia da Consciência Negra.

Na sequência, houve tomada de posse de novos sócios e condecorações. Dois sócios, Cristiano Pilako e Jones Pinheiro,  foram agraciados com o Diploma e a  Medalha dos 70 anos do Instituto Histórico.

A referida condecoração –  Diploma e Medalha dos 70 anos do Instituto – foi uma das ações programadas pelo Instituto para o ano de 2020 que foi interrompida pelos efeitos restritivos causados pela pandemia da Covid-19.

O evento contou com a presença de diversas autoridades, convidados e familiares dos homenageados.

MORTONAUTA – por Sosígenes Bittencourt.

Não só saber viver, mas saber morrer também é uma arte. Em Vitória de Santo Antão, tinha um sujeito tão pirangueiro que, ao falecer, a esposa resolveu dar-lhe um sepultamento digno de suas economias, comprando-lhe um suntuoso caixão. Quando o falecido ia, ali, pela antiga Rua da Paz, a bordo de sua urna funerária, resolveu recobrar os sentidos:

– Quanto custou este caixão, fulana? – perguntou a sua inconsolável esposa.
– Custou tantos e quantos, meu querido – respondeu-lhe, temerosa.
Aí, o ressuscitado “remorreu” para século sem fim, amém.

Sosígenes Bittencourt

Dra. ANA VERUSA CUNHA DE SOUSA – por Sosígenes Bittencourt.

(Parabenizando-a pelo transcurso de mais uma data natalícia)
Conheci-a no oitão da Igreja Matriz de Santo Antão, eventualmente, num Domingo, à noite, apropriado teatro para sua vocação religiosa, sua catolicidade teórica e praticante.
Animada, fluente na conversa, dissertava sobre assuntos mais diversos e manifestava o interesse por variedades, como tocar piano, falar duas línguas neolatinas: francês e italiano – e uma anglo-saxônica: inglês. Colecionadora de antiguidades, também versejava, embora não revelasse interesse de editar livro até então.
Na correnteza esperta do tempo, como no dizer do poeta Drummond, fomos consolidando amizade, fundada na preocupação intelectual com o Universo.

Pouco poderia imaginar que, lá adiante, tanto iria precisar de seus saberes científicos, médicos, como especializada em Endocrinologia, não obstante experiente em Clínica Geral, resgatando-me o ombro de uma dolorosa bursite e a vida do acometimento da Covid-19. Diagnóstico e medicação sem pestanejar, lépida, despachada, e combate efetivo das enfermidades. Uma eficiência, acendrada no conhecimento, adquirido com a aplicação da inteligência, ressaltando-lhe a Sabedoria. Como diziam os gregos: A Inteligência é uma faculdade humana, cuja virtude é a Sabedoria (Sofia).

Por tudo exposto, já não era sem tempo, manifestar o meu agradecimento pelas dádivas e fazê-lo em nome de minha cidade, pelo resgate de tantas vidas, ora acorrentadas a doenças, ora no limiar da morte, durante 16 anos e 11 meses de medicina horária, assídua em Vitória de Santo Antão.

Palmas e muito obrigado!
Muito obrigado!

Sosígenes Bittencourt

Uma noite queirosiana no Recife – por Marcus Prado

Durante mais de uma década o escritor português Eça de Queiroz (1845-1900) foi o mais lido no Brasil, rivalizando com Machado de Assis. Eça está entre os deuses do Olimpo da língua portuguesa. Machado é visto como o patrono da literatura brasileira.Neste país, no século 19, a paixão por Eça de Queiroz deu origem a um neologismo criado por Monteiro Lobato: “Ecite”, que designa um sentimento de fascínio e simpatia pela “escrita eciana”.

No Recife, pode ser vista a única Praça, no Brasil, com o nome de Eça de Queiroz (Bairro da Madalena). Nesta capital, o autor do “Crime do Padre Amaro” inspirou os famosos Jantares Ecianos (1988), que se transformariam na Sociedade Eça de Queiroz, marcando época na vida cultural da cidade. Para cada jantar temático era escolhido um cardápio especial inspirado na obra de ficção de Eça. Foram grandes inspiradores do movimento os escritores Paulo Cavalcanti e Dagoberto Carvalho Júnior.

Tornaram-se referências as obras desses autores sobre as relações de Eça de Queiroz com o Brasil. A notícia de que “aquele pobre homem de Póvoa de Varzim”, chegará ao Panteão Nacional de Portugal, em dezembro, instituição que acolhe e homenageia as pessoas mais importantes da história daquele país, motivou a ideia de reunir em jantar eciano, por adesão, os leitores pernambucanos do escritor português. O evento se dará no restaurante Adega (Clube Português), no próximo dia 05 de dezembro, às 20 horas. Na oportunidade, o escritor e fundador da Sociedade Eça de Queiroz, Dagoberto de Carvalho Júnior, conhecido no mundo lusófono por suas pesquisas sobre a vida e a obra de Eça de Queiroz, será homenageado.A culminância da noite lítero-gastronômica se dará com um pronunciamento do poeta, ensaísta e professor José Rodrigues de Paiva (UFPE) sobre o trabalho de Dagoberto no Movimento confrádico queirosiano do Recife e o espírito universalista de Eça de Queiroz.

Dagoberto de Carvalho é autor de “Eça de Queiroz – Retratos de Memória e A Cidadela do Espírito – considerações sobre a Arte Sacra em Eça de Queiroz”, “Da boa mesa com Eça de Queiroz”. Os sabores da mesa de Eça de Queiroz, narrados na sua obra de ficção, ganham nos livros de Dagoberto conhecimento e encantamento. Foi no Diario de Pernambuco que o movimento eciano nesta cidade teve, desde o começo, uma pauta notável de colaboração e parceria.

O tema começou a evidenciar-se na década de oitenta do século passado, em Lisboa. Foram pioneiros da confraria no Recife: Paulo Cavalcanti e Ofélia Cavalcanti, Dagoberto de Carvalho e Cristina Carvalho, José Rodrigues de Paiva e Arlene Paiva, Mauro e Marly Mota, Gladstone Vieira Belo e Ana Lúcia, Zuleide Duarte, Jordão Emerenciano, Fernando Freyre e Cristina, Silvio Neves Baptista, Magnólia Cavalcanti, Alfredo Xavier Pinto Coelho Affonso, Lucila Nogueira, José Quidute, Maria de Lourdes Hortas, Lourdes Sarmento, Ângela Lins, Jorge Peixoto, Lucia Nery da Fonseca, João Bosco, Pelópidas Silveira, Hélio Coutinho, Silvio Pessoa, Esmeralda Camacho, Laura Areias, Joel Pontes, Marco Aurélio de Alcântara.

Marcus Prado – jornalista.

“Ainda Estou Aqui” – vale a penas assistir……

Na noite do sábado (16), conforme havia me programado, sentei em uma das confortáveis poltronas  do cinema do shopping local para assistir a mais recente produção nacional: “Ainda Estou Aqui”.

Nem de longe sou crítico qualificado da sétima arte. Mas posso dizer que, diferente do que já havia escutado,  o referido filme não é um convite à militância política de quem é simpático aos movimentos esquerdistas. Não! O filme é uma espécie de “documentário”,  retratando  vivências  de uma família que foi impactada pelo regime político de época (1970).

No bojo das informações cinematográficas, sobretudo para os que já passaram do meio século de vida, a película também atua no quesito “destravamento” da memória às coisas da vida do cotidiano de quem foi criança daquele recorte temporal.

Portanto, recomendo esse filme. O mesmo não é “propriedade”  de quem é de “direita ou esquerda”.

Precisamos agregar  informações  que possam nos enriquecer e acrescentar, sempre, no sentido do mais amplo conhecimento,  para uma melhor avaliação do tempo pretérito na conjugação do tempo presente, visando as  melhoras  escolhes  para o tão sonhado tempo futuro.

SAUDOSA AMIGA – por Marcus Prado.

MINHA CARA e SAUDOSA AMIGA Bella Karacuchansky Jozef professora e crítica literária brasileira. Ela era considerada uma das maiores especialistas em literatura hispano-americana do Brasil.

Trocamos durante anos vasta correspondência sobre autores espanhóis de nosso interesse.

Na foto, Bella Josef, comigo, o poeta e acadêmico Mauro Mota, ex-diretor do DIÁRIO, escritor Marcos Madeira (ABL) e o romancista e escritor Raimundo Carrero, na época editor da primeira página do DIÁRIO DE PERNAMBUCO. A foto foi batida na redação do DP.

Marcus Prado – jornalista